quarta-feira, 16 de agosto de 2017

A VIDA APÓS O INCÊNDIO - CONCELHO DE NISA 2017

Incêndio - Nisa 2017 
HÁ PERGUNTAS QUE TÊM DE SER FEITAS.
HÁ RESPOSTAS QUE TÊM DE SER CLARAS, PORQUE HÁ PASSOS QUE TÊM DE SER DADOS PARA QUE A VIDA CONTINUE!

Os incêndios que assolaram o concelho de Nisa entre os dias 26 e 29 de Julho, os prejuízos causados e a necessidade de deitar contas à vida para repor o potencial produtivo das explorações agroflorestais, exatamente no ponto em que se encontravam antes do incêndio,  foram motivos mais do que fortes para que um grupo de produtores afetados pelo flagelo do fogo estivesse presente na reunião de câmara de hoje, dia 16 de Agosto de 2017, e colocassem várias  questões à presidente da Câmara, Idalina Trindade. Seguiram-se as intervenções dos vereadores na oposição e, a concluir, a intervenção final da presidente da câmara, que se remeteu a uma futura resposta, por escrito.

Contextualizando a situação dramática que se vive, destacamos os relatos sobre o fim de avultados investimentos realizados nesta região,  com potencial, quer a nível agrícola, quer a nível do montado de sobroSegundo as palavras de um dos munícipes que usou da palavra: “(…) consegui certificar a exploração no modo de produção integrada (que inicialmente, e até ao momento, contempla a produção de cortiça e de bovinos de carne) e tinha, até ao incêndio, quase tudo preparado para, já no próximo quadro comunitário, obter a certificação em modo de produção biológica. Participei de projectos nacionais de melhoria do ambiente, ex. Terraprima, que chegaram a ganhar prémios a nível europeu… Criei riqueza a vários níveis para o concelho (…) posso mesmo afirmar que a região do vale de Amieira do Tejo, a mais produtiva desta localidade, onde tenho quase a totalidade da minha exploração, ardeu toda! A minha exploração ardeu toda, não fiquei com nenhuma alimentação para dar aos animais, que felizmente consegui salvar! Como eu, todos os agricultores em Amieira do Tejo foram mais ou menos afetados

Segundo foi afirmado na reunião de dia 16 de Agosto da câmara municipal, até ao momento ninguém da CM de Nisa contactou os agricultores ou fez o  acompanhamento e/ou ajudou na identificação das explorações, para  se inteirar dos prejuízos e, falando com vários agricultores das várias localidades afectadas, todos disseram o mesmo.

As questões colocadas à presidente da câmara, no período de intervenção dos munícipes, foram as que a seguir se apresentam:
  • ·         Já foi requerida a declaração de calamidade pública?
  • ·         No dia 31 de Julho foi pedido aos agricultores, por parte da CM de Nisa, o preenchimento de um inquérito onde se questionava sobre os prejuízos que aqueles tinham tido com o incêndio.  Qual o objectivo deste inquérito?
  • ·         Já foi feita uma avaliação e/ou confirmação no terreno, por parte da CM de Nisa, dos prejuízos provocados pelo referido incêndio e de qual o impacto destes na actividade dos produtores agrícolas e florestais? 
  • ·         Quais as medidas que estão, ou irão ser tomadas, no sentido de reduzir o impacto negativo deste incêndio? 
  • ·         Quando serão implementadas essas medidas?
  • ·         O incêndio em Nisa foi há 20 dias. Há caminhos intransitáveis, há árvores caídas nas estradas, nada garante a segurança de circulação das pessoas nas áreas ardidas. Qual é a demora?
  • ·         O que é que está a ser feito para ajudar os agricultores afetados na recuperação das  suas explorações?
  • ·         Face à subida de temperatura, prevista para os próximos dias, o que é que que a câmara de Nisa definiu como prioritário, em termos de prevenção e face  ao agravamento de risco de incêndio?


Ouvidos os agricultores e produtores, os três vereadores na oposição, usaram da palavra para sublinhar a urgência de uma necessária  e rápida intervenção por parte da câmara municipal.
Referiram que, a expetativa de quem perdeu tudo é que a câmara municipal:
  • ·         ajude a restabelecer as condições de vida normais das populações nas zonas afetadas;
  • ·         distribua e supervisione os meios e subsídios a conceder,  na medida em que a perda de pasto natural para a criação pecuária local vai obrigar os produtores a um aumento exponencial da despesa com a aquisição de alimento para os animais;
  •       auxilie na tarefa de definição de prioridades de intervenção/acompanhamento da reparação de estruturas e equipamentos atingidos;
  • ·         proponha medidas indispensáveis à obtenção de fundos externos;
  • ·         proporcione condições de acesso a instrumentos que permitam que as populações das freguesias afetadas retomem a sua normal atividade.

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Os vereadores da CDU dirigiram à presidente um pedido de informação, por escrito, do levantamento e inventariação de todos os prejuízos causados pelos  incêndios que assolaram o concelho de Nisa, acompanhados das respetivas estimativas.  
Essa informação já existe? Se não existe, como pode a presidente decidir que o estado da situação não é suficientemente grave, deixando de pedir,  junto do governo, o estatuto de território de calamidade pública?
Ou será que a autarquia tem capacidade financeira e técnica para repor a economia das famílias exatamente no ponto em que se encontrava antes do incêndio,  repondo o potencial produtivo das explorações agroflorestais afetadas?

Independentemente da extensão da área ardida, é tão grave a situação de quem fica sem nada, em Nisa, como quem fica sem nada noutro qualquer concelho que também sofreu com os incêndios.
Não poderá haver cidadãos de primeira e de segunda, produtores que serão ajudados, noutros pontos do país,  e outros que não o serão, porque no seu concelho não foi pedida a declaração de calamidade pública!

Aguarda-se a resposta a estas questões, por escrito, da parte da senhora presidente da câmara…

Nisa, 16 de Agosto de 2017



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